
Gaby acordou com um sorriso no rosto. Percebeu que Bernie não estava no quarto. Chegou nasala e viu que ele também não estava no apartamento. Aproveitou a ausência dele para ligar pra Carol.
Gaby - "tenho que admitir, você estava certa."
Carol - "Meu Deeeeus... Gabriela, você está bem? O que te fez acordar pra vida?"
Gaby - "Para com a palhaçada." - Gaby ria. Estava tão feliz. - "Nós brigamos ontem e acabamos trancando."
Carol - "Jesus! Essa transação foi tão boa assim?"
Gaby - "Ao contrário. Quer dizer, foi bom. Mas foi só sexo, sabe? Pareciamos dois estranhos."
Carol - "Então sentiu falta do carinho dele?"
Gaby - "Ay e eu nem te contei. Descobri o que realmente aconteceu naquela noite. Amiga, ele já estava apaixonado por mim."
Carol - Tá, mas é aí? Agora já entendeu o que estava sentindo?"
Gaby - "Estou completamente apaixonada. E vou me declarar pra ele assim que ele voltar."
Carol - "Finalmente."
Gaby - "Tá. Deixa eu ir. Vou tomar um banho pra esperar por ele. Ele deve ter ido providenciar nosso café da manhã."
Carol - "Vê se aproveita esse café. Kkkkk"
Gaby desligou o telefone e foi tomar um banho. Nem se preocupou com a demora. Enquanto a água caia, Gaby lembrava de cada momento que esteve com Bernie. O como ela ficou nervosa na primeira vez dos dois, como se arrepiada com o toque dele... Como era possível não ter percebido que o amava. O banho foi demorado, mas ele ainda não tinha chegado. Gaby decidiu ligar para a portaria para saber se ele tinha saído há muito tempo. Ela ficou chocada quando escutou o porteiro dizer que Bernie tinha saído de carro na madrugada e com uma mochila. Gaby sentiu seu coração apertado.
Desligou o telefone e tentou imediatamente falar com Bernie pelo celular. Era inútil. Só dava fora de área. 10 ligações e nada de Bernie. Da mesma forma que escondeu seus sentimentos dela mesma, Gaby tentou convencer-se de que tudo não passava de um engano do porteiro. Mas não houve jeito. O ponteiro do relógio a obrigou a entender que ele tinha ido embora sim, sem falar nada e nem deixar um simples recado.
Vinte ligações, e nada. Não tinha mais dúvidas, ele a tinha deixado. Gaby não sabia o que fazer. Estava na casa dele, as roupas dele estavam lá, os pertences dele estavam lá... o cheiro dele ainda estava lá, atormentando.
Já passava da hora do almoço quando Gaby decidiu sair dali, buscar sua cama, seu travesseiro... Ela só tinha que acordar desse pesadelo. Pegou no armário de Bernie a chave reserva da casa e fechou tudo foi o mais rápido que pôde para casa. Ainda tão chocada que não derramou uma lágrima. Tinha os olhos secos e a cabeça quente. Ao mesmo tempo em que tentava entender o que Bernie tinha feito, fazia questão de esquecer o quão vulnerável estava.
Gaby entrou em casa e percebeu que havia deixado o radio ligado. Tinha saído de casa com tanta raiva que não lembrou nem de apagar as luzes. Muito menos desligar o rádio. Nem isso Gaby teve vontade de fazer. A música a envolveu num clima de angústia e ela simplesmente deixou tocar.
Com passos curtos e lentos ela foi se desfazendo de tudo o que tinha na mão. Fechou a porta e deixou o celular na mesa. A bolsa ficou no chão mesmo, e a carta...ela leu mais uma vez a carta que mudou todo o rumo daquela amizade colorida. Ela olhou durante um tempo para aquele papel, mas não o largou. Tirou os sapatos e os deixou no meio do caminho.
Finalmente um choro de desabafo.
Gaby – “Eu devia ter parado pra pensar mais. Devia ter tentado entender o que eu estava sentindo. Ay, Bernie, como eu ia te dizer que estava apaixonada se eu tinha medo de ver que realmente estava apaixonada. E agora?”
Ela pensava em voz alta, falando como se conseguisse fazer com que Bernie a escutasse. Ela não queria lembrar como foi grosseira com ele. Não queria se lembrar do que falou. Foi tanto medo que ela sentiu que preferiu dizer que era a despedida dos dois a assumir que estava apaixonada. Preferiu dizer que não podia amá-lo do que confessar que estava inteira nas mãos dele. Era medo de amar, medo de entregar toda uma vida nas mãos de uma pessoa só.
Gaby – “Bernie, onde você está? Preciso dizer que te amo. Você tem que saber disso antes que eu enlouqueça por não ter te contado. Você precisa me trazer de volta à felicidade... Temos que voltar ao que éramos antes. Desfazer todo o mal entendido que EU causei. Precisamos terminar a nossa história, aquela história que eu custei tanto a entender que se tratava de uma história de amor e não de amizade. Porquê você não está aqui comigo. Me perdoa. Eu nunca quis te fazer sofrer. Fui estúpida e preciso te dizer isso. Temos que viver a nossa história. Volta, meu amor... meu amor”
Ela repetia as duas palavras e abraçava a carta. Gaby nem tirou a roupa que estava. Foi andando para o quarto. Tudo a fazia lembrar Bernie. Ali os dois viveram tantas coisas e em tão pouco tempo. Ela olhou para o corredor e viu a cena: Ele a beijando e pedindo desculpas pela crise de ciúme e ela se derretendo por ele com cada toque daquelas mãos grandes sob a pele dela. O arrepio estranho, e a situação indefesa que ela ficava sempre que ele estava por perto. Parecia que agora estava tudo ficando mais claro.
Gaby – “Como eu fui ingênua. Como não percebi que você me amava. Meu ciumento, MEU!”
Deixou a carta do lado da cama e deitou. Abraçou os travesseiros escondendo seu rosto e fazendo com que suas lágrimas molhassem a cama. Gaby trouxe as pernas para cima, se encolhendo ao máximo. Ela queria sumir dali. Esquecer tudo o que tinha acontecido e voltar para os braços de Bernie.
O rosto dela estava inchado e seu corpo cansado. Assim, quase sem querer, Gaby adormeceu.
“Os dois estavam num salão vazio e no fundo, uma cama. Gaby tinha uma venda nos olhos, mas mesmo assim dançava com seu amado perfeitamente. Pareciam não precisar ver para encontrar os passos certos e a sintonia perfeita. Iam dançando em direção à cama. Pareciam estar sendo guiados por alguma coisa muito forte. Ele não aguentou mais e se viu obrigado a tirar a venda de Gaby, que a princípio não quis olhar pra ele, mas não resistiu.
Lá estava Bernie, com um sorriso lindo, esperando o beijo da sua amada. Não demorou muito. Gaby abriu um sorriso e o beijou. Os dois caíram na cama. Ela não parava de admirar aquele rosto que demorou tanto tempo para ver. Bernie passou a mão por todo o corpo dela e a encaixou no seu.
Gaby o apertou contra o seu pescoço. Ele chupava com vontade e volta e meia dava umas mordidas. Ela agora tinha os olhos fechados, mas pelo prazer. Os dois ficaram sentados, um de frente para o outro, mas com o corpo inteiramente colado. Ela não se cansava de olhar para ele. Olhava, beijava, acariciava... Ele com as mãos na cintura dela, a puxou para mais perto, ela não podia respirar. Bernie se jogou pra frente fazendo com que Gaby deitasse na cama e ele ficasse por cima. As pernas dela estavam em volta da cintura dele. Ele beijou os seios de Gaby, apertou a cintura dela e a sufocou num beijo louco de desejo. Gaby gritava de prazer e ele só queria satisfazê-la.”
Gaby acordou assustada. Seu celular estava tocando. Ela saiu correndo para atender. Queria ter a certeza de quem era.
“Gaby – “Alô, Bernie. “