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      Bernie a cobriu e foi diretamente para o banheiro molhar o rosto. Se olhou no espelho e não parava de lembrar de tudo o que tinha acontecido: cada palavra que Gaby disse, cada movimento que a mão dela fez no seu corpo e, claro, cada toque de lábios, hora intensos, como de quem estava com fome de amar, hora suaves, para que pudessem sentir a respiração um do outro.

 

Bernie - “Como isso pôde acontecer? Eu devia ter me segurado mais. Gabriela amanhã vai me matar. Preciso sair daqui antes que ela acorde.”

 

       Ele pegou sua camisa que estava no chão e saiu de fininho do quarto de Gaby, fechou a porta e antes de sair decidiu deixar um recado. Sentou-se na mesa da sala e começou a escrever. Ele ficou bastante tempo escrevendo, parecia que aquela folha de papel tinha se tornado um desabafo. Tudo o que ele aguardou por anos para dizer pra ela, foi o que ele escreveu naquele papel.

 

Bernie – “Meu Deus... O que eu estou fazendo? Como vou deixar Gaby acordar amanhã sozinha nessa casa. Tudo isso por medo da reação dela? Não eu vou ficar” – Ele amassou o papel e jogou no lixo que tinha ali perto. – “Vou deitar no sofá e tentar dormir. Agora é rezar pra essa ressaca dela vir junto com uma amnésia.”

 

      Ele até que tentou se ajeitar no sofá, mas a aflição não permitiu que se acomodasse. Toda hora se mexendo e lembrando de cada segundo que aconteceu. Horas depois e já com o sol batendo no apartamento de Bernie ele adormeceu. A casa ficou por algumas horas em silencio, mas logo Gaby começou a se mexer na cama.

 

      Os olhos foram se abrindo aos poucos, no quarto estava meio escuro. Ela virou para o outro lado da cama e lembrou. Lembrou do sonho. O homem ideal. Aquilo já estava virando uma fixação, mas uma fixação tão maravilhosa que não deixava Gaby tirar o sorriso do rosto.

 

      Aos poucos ela foi levantando. Parou no meio do caminho. A dor de cabeça repentina a puxou de volta para a cama.

 

Gaby – “Meu Deus! O que aconteceu?... Ai essa não. Acho que eu exagerei na bebida.” – E foi se levantando aos poucos e com cuidado. – “Mas como será que eu cheguei aqui? Ai que dor de cabeça.”

 

      Ela foi caminhando até a sala deu de cara com Bernie, dormindo no sofá.

 

Gaby – “Claro que você não ia me deixar sozinha.” Gaby se aproximou com cuidado e acordou Bernie passando a mão sobre o seu rosto. Ele abriu os olhos aos poucos, junto com um sorriso.

 

 Gaby – “Bom dia, Bernie.”

 

      Ele fechou o sorriso e se sentou rapidamente no sofá.

 

    Bernie – “EEEE... B-bom dia. Está tudo bem?” – Perguntou ele na intensão de ter a certeza de que Gaby não se lembrava de nada.

 

Gaby – “Não. Minha dor de cabeça está me matando. Você acredita que eu não lembro de nada do que aconteceu ontem?”

 

      Gaby estava rindo e Bernie começou rindo também, mas depois ficou serio, mas não deixou Gaby perceber. Ele levantou e foi ver alguma coisa pros dois comerem.

 

      Depois do café da manhã bem reforçado para tirar a ressaca, Bernie deixou Gaby deitada e ficou do lado dela querendo saber se ela estava melhor, se precisava de alguma coisa. De repente a campainha tocou. Bernie foi até a porta e deu de cara com Carol.

 

Bernie – “Carol? Pensei que você tivesse ido viajar.”

 

Carol – “Não, meu voo é 10 da noite. Vim saber como a moçoila está.”

 

Gaby – “Quem está ai, Bernie?”

 

Carol – Sou eu, sua loooouca.”

 

Gaby – “Carol, não grita, pelo amor de Deus.”

 

      Bernie deixou Gaby aos cuidados de Carol e se despediu. Disse a ela que passava no aeroporto a noite para se despedir. À Gaby ele disse o que sempre. “Qualquer coisa que você precisar, me liga.”

 

      As duas ficaram conversando enquanto Bernie passou num restaurante e mandou entregar um almoço na casa de Gaby. Ele tinha certeza que ela não iria fazer o almoço daquele dia. Depois do restaurante ele foi para casa, precisava de um banho urgente e depois... cama.

 

Bernie –“Eu nem acredito que ela esqueceu tudo. Como isso é possível. Ela esqueceu o meu beijo. É claro que ela ia esquecer, ela não me ama e ainda estava bêbada.” – Ele mesmo se contradizia, numa tentação frustrada de mostrar para si mesmo que aquele romance não podia dar certo.

 

       A campainha da casa de Gaby tocou. Era o almoço. Carol abriu a porta e arrumou tudo na mesa para as duas almoçarem. Gaby já estava bem melhor, mas ainda sim não conseguia lembrar de grande parte da noite anterior.

 

Carol –“Ai amiga, vem almoçar. Estava louca mesmo para te perguntar.”

 

Gaby – “Que almoço é esse?”

 

Carol – “O fofo do Bernie mandou entregar.”

 

Gaby – “Ele é mesmo fofo.”

 

Carol – “Tá tá tá... deixa de lenga lenga e me diz logo. Ele beija tão bem quanto parece beijar?”

 

       Gaby arregalou os olhos e por pouco não cuspiu o suco.

 

Gaby – “Como assim? Ay... o que aconteceu ontem a noite.”

Capítulo 7

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