
Gaby gelou. Levantou da mesa e começou a andar de um lado para o outro tentando lembrar do que tinha acontecido. Nada, absolutamente nada vinha à cabeça dela.
Carol – “Gaby, não acredito que você não se lembra de nada!”
Gaby – “Você está exagerando um pouco né, Carol. Não foi um beijo. Foi só um selinho, né? Coisa assim que acontece sem querer.”
Carol – “AAAAH meu amor, se uma coisa daquelas acontece sem querer, quero mais é que o mundo termine em acontecimentos como aquele. Gaby, como você pode não lembrar.”
Gaby – “Eu estava BÊBADA, Carol. O que você queria que acontecesse.”
Carol – “Você poderia maneirar né, mas não... passou a noite falando do babaca do ex. Coitado do Bernie.”
Gaby – “Eu fiquei falando do Carlos? E pq ‘Coitado do Bernie’?”
Carol só sabia rir da inocência de Bernie. Ela ainda nem tinha se tocado de que passou a noite inteira com ele. Carol também não queria antecipar o assunto, deixou que Gaby se desesperasse aos poucos.
Carol – “Amiga, você não tem porque se preocupar. Sua reputação está intacta. Afinal de contas, era o BERNIE. Se você tivesse ficado com um homem feio eu nem fazia questão de lembrar a você. Ai sim essa sua amnesia ia valer a pena.” – Carol falava em tom de brincadeira e rindo demais.
Gaby – “Carol, isso não é brincadeira. Como foi que aconteceu?”
Carol – “Hmmmmn sabia que você ia querer saber os detalhes” – Carol continuava se divertindo com a situação enquanto Gaby estava preocupada. – “Eu estava de longe, mas vi que foi você que puxou ele pra pista de dança. Justo quando a musica estava lenta? Ah, Gaby, você queria, admita.”
Gaby – “CONTINUA CONTANDO... e para de falar besteira.”
Carol – “O que mais eu vou contar? Que você agarrou o pescoço dele? Meu amor, você foi pra cima. Não tem homem que resista.”
Gaby colocou as mãos na cabeça e finalmente se sentou.
Gaby – “Será que eu acabei com uma amizade?” – De repente, Gaby se levantou de novo – “AI MEU DEEEEEEEEEEEEEEUS... O QUE ELE ESTAVA FAZENDO AQUI EM CASA. Será que a gente... AAI NÃO ACREDITO.”
Carol – “Nem eu. Se vocês transaram e você não se lembra EU TE MATO, ta me escutando, Gabriela? TE MATO... Um homem daquele, todo seu e você NÃO SE LEMBRA.”
Gaby – “PARA, Carol. Não me deixa mais nervosa do que eu já estou. Preciso falar com ele.”
Carol – “Primeiro sossega e senta pra comer. A comida vai esfriar.” – Gaby se sentou e ficou mais calma. Carol já tinha perdido o jeito brincalhona e decidiu falar sério. – “Amiga, o que está acontecendo com você?”
Gaby – “Vou ser bem sincera contigo. Estou carente. Demorei a perceber, mas essa é a verdade.”
Carol – “Como assim, carente? Você não terminou o namoro essa semana?”
Gaby – “Amiga, meu relacionamento com o Carlos era mais por comodidade do que por sentimento. Ficamos juntos por quase um ano. Nos últimos 3 meses ele só sabia me criticar, dizer que eu tinha amigos demais e que eu tinha que me afastar. A gente acabava brigando e quando eu ia dormir na casa dele, ele nem tentava nada. Deitava na cama e dormia. A ultima vez que a gente transou (e olha que já tem tempo), ele nem se preocupou em me satisfazer.”
Carol – “Mas Gaby, como você continuou com esse homem?”
Gaby – “Sei lá... medo de ficar sozinha. Quando ele trouxe a ‘prima’ pra morar com ele eu explodi. Nem me importava tanto, mas pelo menos serviu pra eu terminar com ele.”
Carol – “Então, se o seu problema todo é carência... liga pro Bernie e marca um encontro hoje. Mas vê se não bebe.”
Gaby – “Com o Bernie...? Calma. Primeiro eu tenho que saber o que aconteceu hoje a noite.”
Carol – “Bom, ele vai no aeroporto se despedir de mim. Você também vai né? Problema resolvido.”
A tarde nunca passou tão rápido para Gaby. Ela estava preocupada. Não queria perder uma amizade tão linda como a de Bernie, mas não restava duvidas de que ela tinha que perguntar pra ele o que realmente tinha acontecido na noite anterior.
A noite caiu e Carol começou a se preparar para ir embora. Gaby se arrumou e foi junto com ela até o aeroporto. Juan já estava lá esperando por Carol e Bernie chegou um pouco depois. Todos se despediram normalmente, mas Carol tinha que deixar um ultimo recado.
Carol – “Vê se dessa vez você faz tudo diferente da noite passada” – Ela falou no ouvido de Gaby. – “Quando eu chegar lá te ligo pra saber de tudo.”
Gaby tinha ido até o aeroporto, no carro alugado de Carol, então foi obrigada a voltar com Bernie para. Realmente, Carol parecia pensar em tudo.
~ No carro
Bernie – E então, Gaby. Está melhor?”
Gaby – “Estou sim, apesar de não me lembrar de quase nada do que aconteceu ontem.”
Bernie começou a rir, sem exageros, apenas um riso de quem estava nervoso. Mal sabia ele o que estava por vir.
Gaby – “Mas você podia me falar o que aconteceu ontem, né? A Carol já me falou que eu te agarrei na boate.” – Ele já estava com uma cara de assustado, mas Gaby parecia uma matraca. Não parava de falar. – “Ai Bernie, desculpa. Não era a minha intensão. É que eu não estou acostumada a beber, e ai extrapolei...”
Bernie – “Gaby, Gaby, Gaby... está tudo bem. Não precisa se preocupar.”
Gaby – “Mas Bernie, e lá em casa? O que aconteceu?”
Não é difícil de imaginar que Bernie essa hora já estava vermelho, roxo, verde...Ele não sabia o que dizer, mas não tinha coragem de dizer exatamente o que aconteceu.
Bernie – “Você chegou em casa tirou o vestido e caiu na cama dormindo. Fiquei lá por medo de que você acordasse sozinha e passando mal.”
Para alívio de Bernie, os dois já tinham chegado na casa de Gaby, nada mais daquela conversa. UFA.
Bernie – “Deixa que eu abro a porta pra você.”
Como um cavalheiro que sempre foi, ele deu a volta, abriu a porta do carro para Gaby e deu a mão a ela. Gaby saiu do carro e ele fechou a porta e se encostou no carro para ver Gaby entrando em casa, mas ela não saiu, ainda queria continuar a conversa.
Gaby – “Bernie, muito obrigada pela sinceridade, por ter me falado tudo o que aconteceu. E mais uma vez: Desculpa.”
Ela o abraçou, da mesma forma que o abraçou na noite anterior. Bernie se viu na boate e simplesmente fez a mesma coisa, mas não se olharam nos olhos, talvez para não perceber que a Boate era passado. Bernie beijou Gaby como se nunca a tivesse beijado antes. Gaby já estava abraçada a ele, mas nem se moveu, nem apertou mais seu corpo ao dele, apenas retribuiu o beijo. Pouco tempo depois ela se afastou.
Bernie – “Foi isso que aconteceu na boate. Da mesma forma.”
Gaby abriu um sorriso meio ilegível e virou-se para entrar em casa sem falar mais nada. Bernie então desencostou do carro e foi em direção à outra porta para entrar.
Gaby – “BERNIE...”
Ela veio andando cada vez mais rápido e sem que ele tivesse chance de entender o que ela ia fazer, Gaby o puxou pelo pescoço e se rendeu a mais um beijo. Ela queria entender o que estava acontecendo, mas naquele momento só valia a pena beijá-lo. Seus lábios estavam grudados e molhados. As mãos de Bernie na cintura de Gaby e as de Gaby fazendo com que o rosto dele estivesse ainda mais perto (se é que isso era possível.)
Totalmente sem fôlego Bernie permaneceu calado, enquanto Gaby, com uma respiração bem forte, se esforçou para conseguir dizer. “Boa Noite.”