
Gaby – “Vamos logo pra não voltarmos tarde.” – Gaby puxou Berne pela mão e os dois saíram de casa.
Os dois entraram no carro. Bernie estava dirigindo e tentando convencer Gaby a desistir da ideia de ir junto com ele. Ele realmente queria estar com ela, até porque sabia que seria uma conversa difícil e queria tê-la por perto para dar mais força. Mas ao mesmo tempo não queria que sua mãe o visse com Gaby, com certeza ela iria tirar conclusões precipitadas e acabar estragando a ‘amizade’ dos dois.
Bernie – “Gaby, entende. Não quero que você se dê ao trabalho de ir pra lá só pra eu não voltar sozinho. Se você quiser eu durmo por lá e volto de manhã, pronto. Vou te deixar em casa”
Gaby – “Você não vai fazer nada disso. Eu quero ir com você. Custa deixar?” – O tom dos dois já não era mais de brincadeira, a conversa estava realmente ficando séria. – “Bernie, sou sua amiga a bastante tempo para entender que você está nervoso com essa conversa com seus pais. Deixa eu ficar com você. Os amigos são para isso.”
Bernie ficou calado, ele realmente não imaginou que tivesse demonstrado o quanto estava nervoso com esse encontro com os pais. Não tinha mais jeito, Bernie finalmente percebeu que não ia adiantar discutir com Gaby, ela ia fazer o que fosse para ir com ele.
Bernie – “Ai mau Deus, por que você é tão teimosa?”
Gaby – “Porque Deus me fez assim e é desse jeito teimosa que você gosta.” – Os dois começaram a rir e encararam a viagem de quase uma hora e meia.
Quanto mais perto, mais nervoso Bernie ficava. Como ele ia aparecer lá com Gaby, e se a mãe dele já pensasse que os dois estavam namorando? Gaby disse que não queria isso. O coração dele foi acelerando cada vez mais, e ele já não conseguia falar mais nada, ficou calado da metade do caminho até a chegada na casa. Ele saiu e abriu a porta do carro para Gaby.
Gaby – “Não vou entrar não, Bernie. A conversa é entre vocês. Vim aqui pra não te deixar sozinho na volta.”
Bernie – “Como assim? E você vai ficar onde? Não vou te deixar dentro do carro.”
Gaby – “Eu sei perfeitamente onde vou ficar. Você só tem que me levar até lá. Sabe que não sei chegar naquele lugar maravilhoso.”
Bernie – “E você vai ficar lá sozinha? Não, você entra na casa comigo.” – Ele puxou Gaby que com toda tranquilidade do mundo puxou Bernie de volta.
Gaby – “Não tem problema nenhum. Me leva lá. Se acontecer alguma coisa eu te ligo. Anda. Me leva lá.”
Bernie não tinha jeito. Frente à Gaby, ele era voto vencido. Lá foram os dois.
Bernie – “Um caminho tão simples. Não sei como você não sabe chegar aqui.” – Gaby deu uma olhada irônica para Bernie. Os dois riram.
Gaby – “Pronto, já estou muito bem acompanhada dessa natureza. Vai lá conversar com seus pais e depois vem me buscar né. Já sabe, não sei sair daqui.” – Gaby falou rindo, mas Bernie respondeu serio.
Bernie – “Gaby, qualquer coisa que acontecer, me dá um toque que eu venho correndo pra cá. Espero não demorar muito.”
Gaby – “Vai com calma. Vai dar tudo certo. Não sei do que se trata a conversa, mas vai ficar tudo bem.”
Bernie – “Também não sei o que eles querem falar comigo, mas já sei que não vou gostar. Pelo jeito que a minha mãe falou comigo no telefone... “ – Bernie não teve tempo de completar a frase. Gaby chegou mais perto e com as duas mãos, trouxe o rosto de Bernie para mais perto, fazendo com que os dois se beijassem. Com bastante calma, Gaby se afastou.
Gaby – “Estou aqui pro que você precisar.”
Bernie não precisava de mais nada, se encheu de esperança e foi para a tal conversa. Ainda estava sol e Gaby se sentou ao pé de uma das arvores que dava uma sombra deliciosa. Ficou ali pensando em tudo o que tinha acontecido na vida dela nessa ultima semana.
Logo o telefone de Gaby tocou. Era ela. Carol, que já não aguentava mais de tanta curiosidade.
Carol – “Gabriela, pelo amor de Deus... Como você não me liga pra falar nada mais. E ai, já deixou a vergonha pra trás? Conversou com o Bernie?”
Gaby – “Já conversei e já nos resolvemos.”
Carol – “MENTIRAAAAA... como assim? Já estão juntos? Ai meu Deus, to atrapalhando o casal. Te ligo mais tarde.”
Gaby – “Não, maluca. Ele não está aqui não. Mas não somos um casal.”
Carol – “Claro que não. Foi maneira de dizer. Mas e ai, eu estava certa ou não? Foi mágico, não foi?”
Gaby não conseguia tirar o sorriso do rosto ao se lembrar de tudo o que tinha acontecido.
Gaby – “Aaaaah. Hoje de manhã foi delicioso, mas ontem a noite. Ontem a noite foi... PERFEITO. Nunca tinha me sentido assim. Carol, que homem é esse?!”
Carol – “Eu sabia que ele era bom de cama. Não é possível, com uma carinha de anjo daquela tinha que ser safado na cama.”
Gaby riu horrores, mas foi obrigada a descordar de Carol.
Gaby – “Ele não é safado. Para com isso.”
As duas continuaram a conversa por mais alguns minutos, mas logo Carol desligou, Juan estava chamando por ela.
Já estava quase anoitecendo quando Bernie voltou para encontrar Gaby. Ela nem percebeu que ele estava chegando, ele , então, aproveitou e ficou algum tempo só olhando para ela admirando cada detalhe daquela mulher que parecia ser tão perfeita.
Mas Bernie não aguentou por muito tempo, logo começou a andar rápido, estava com a cabeça fervendo depois da conversa tão desanimadora com seus pais. Gaby logo que o viu levantou-se do chão e antes que ela pudesse perguntar como foi a conversa ele a beijou com força. Ela no inicio se assustou, mas logo se rendeu. O ar já estava faltando e os dois precisaram se afastar. Gaby fez um esforço para falar, então perguntou bem pausadamente e com uma respiração forte.
Gaby – “Está tudo bem?”
Bernie – “Vem, vamos embora.” – Os dois voltaram para o carro sem falar absolutamente nada. Mas antes que Bernie entrasse no carro Gaby quebrou o silencio.
Gaby – “A conversa foi tão ruim assim?”
Bernie – “Não quero falar sobre isso.”
Gaby – “Tudo bem. Mas eu volto dirigindo, você está nervoso demais.”
Ele já não tinha forças para falar mais nada. Simplesmente entregou as chaves do carro para Gaby e entrou no carro.
Voltaram absolutamente calados. Apenas quando chegaram na casa de Bernie, ele teve coragem de falar sobre o que tinha acontecido.
Bernie – “Eles vão vender a casa. Vão vender a casa que eu morei durante anos.”